MATERIA MEDICA – Clarke (português)
JUGLANS REGIA

REINO: VEGETAL – MIASMA: LUETISTO/SIFILINISMO

Nux juglans. Nogueira. Juglandaceae. Tintura das folhas e da casca da fruta verde.

Clínica – Acne. Queimação anal. Supuração de gânglios axilares. Cancro. Ectima. Dor sobre os olhos. Tinea capitis. Flatulência. Cefaléia. Herpes. Herpes prepucial. Sensação de levitação. Menorragia. Púrpura. Tinha. Escorbuto. Dor no baço. Sífilis.

Características – “Diz-se que, na idade de ouro, quando os homens viviam sobre carvalhos, os deuses viviam sobre nogueiras, daí o nome de Juglans, Glans Jovis, ou castanha de Júpiter” (Treasury of Botany). Em vários aspectos a Juglans regia (nogueira) é de grande importância e merece seu grandioso nome. Além de produzir alimento de um padrão digno dos deuses, a madeira ao mesmo tempo leve e forte, a seiva que produz açúcar, o fruto que produz tinta e óleo e é útil para conservas, a Castanha Real tem um papel na medicina que merece ser melhor conhecido. O Treasury of Botany dá dicas para os homeopatas com as seguintes observações: “Sua plantação não deverá ser muito próxima de moradias, porque algumas pessoas são afetadas pelo poderoso aroma de sua folhagem”. A notável semelhança da noz com o cérebro tem originado a idéia de que é um “alimento para o cérebro”. Não posso dizer que haja qualquer outro motivo para isto, mas em Clotar Muller, que foi o primeiro a experimentar Jug-r., produziu um curioso sintoma: “Excitado no leito, ao anoitecer, como se embriagado, com sensação como se a cabeça estivesse flutuando no ar”, mostrando uma ação cerebral definida, só que geralmente nós associamos este efeito mais ao “vinho” do que às “nozes” da sobremesa. Mau humor e indolência mental foram outros sintomas mentais percebidos. Os sintomas na cabeça são tão acentuados como aqueles de Jug-c., mas as dores lancinantes não foram observadas no occipúcio como com esse medicamento, e sim na fronte. Há poucos remédios que causam flatulência e distensão abdominal de forma mais marcante que Jug-r. Ele parece afetar mais o baço que o fígado (oposto de Jug-c.). Há diarréia e muitos sintomas retais e anais, mas a diarréia não é tão claramente biliosa como a de Jug-c. Como Cary. e Jug-c., Jug-r. é hemorrágico, o sangue é preto e coagulado (uterino). Sintomas marcantes de inflamação e ulceração aparecem nos órgãos sexuais masculinos. Isto em grande extensão relaciona-se com a ação tegumentar generalizada do medicamento. Foi Clotar Muller que fez a observação de que “nos órgãos digestivos ele causa dano e irritação e, simultaneamente, faz aflorar sintomas anormais em outros órgãos, especialmente na cabeça. Após esta ação, que é breve, aparecem variados sintomas exantemáticos, que são tardios e têm um curso crônico. Os sintomas de pele de Jug-r. são mais pronunciados e variados que os de Cinerea. Isto tem levado ao uso mais freqüente em escrofulose, quando afecções de pele e glandulares ocorrem simultaneamente. Farrington diz que Jug-r. é o melhor remédio para “tinea favosa, especialmente no couro cabeludo atrás da orelha, com prurido tão intenso à noite que o paciente tem dificuldade de dormir”. Aparecem crostas nos braços e axilas. Na experimentação de Jug-r. os sintomas vão da axila direita para a esquerda. Em uma paciente minha, uma enfermeira, que tinha tido uma lesão em seu braço E. alguns anos antes por um quadro séptico e possivelmente sifilítico, ocorreu inflamação dos gânglios axilares, inicialmente à E. e depois à D., levando a uma condição eczematosa pruriginosa. Os gânglios inguinais também foram afetados. Elaps. 200 melhorou uma boa parte destes sintomas, mas havia ainda, ocasionalmente, pequena irritação na axila, e pensei que poderia acelerar a supuração dando Jug-r. 12, três vezes ao dia. Foi isto que aconteceu: cinco dias após iniciar com Jug-r., uma erupção muito pruriginosa, de minúsculas vesículas, apareceu em suas costas. Isto se estendeu do sacro subindo para a região central e médio dorsal das costas, espalhando-se difusamente para baixo e de forma afilada para cima. Ela coçou, formando escaras em dois locais. A erupção < após banho. Mas toda inflamação e irritação dos braços e axilas desapareceram. Eu antidotei com Rhus. 12 e, após quatro anos, ela não tinha tido mais problemas ganglionares. Clotar Muller, que teve sintomas de pele na região axilar, nunca havia tido doença de pele antes. Um dos experimentadores foi curado de uma erupção pruriginosa nas pernas que ocorria no inverno havia quatro anos, tão logo ele começava a despir-se. Muitos sintomas são muito semelhantes a sífilis, e o comprometimento da face em um dos experimentadores foi realmente diagnosticado como sifilítico por um médico que o viu na ausência de Clotar Muller. Na maioria das vezes são afetados o lado esquerdo da cabeça, da face e do abdome. Sintomas axilares ocorrem da direita para a esquerda. Os sintomas são geralmente < por movimento; enxaqueca < ao falar, dor no abdome < ao rir. Há < após alimento gorduroso; < ao anoitecer, até e após às 21 h. O prurido é < à noite. Calor da cama < dor de dente. Curou uma erupção de inverno que < ao despir-se. A erupção, em meu caso, < pelo banho.

Relação – Antidotado por: Rhus-t. Compare: Jug-c., Cary.(botan.); Rhus-t.(pele); Graph.(tinha favosa atrás das orelhas); Rumx (erupção < ao despir-se); Mezer.; Merc.; Cean. (baço); Lyc. (flatulência). Segue bem: Elaps. (afecções axilares, hemorragias escuras); Sulph. (cabeça quente, extremidades frias); Grin. (dor sobre o olho E.).

SINTOMAS

Mente – Excitado ao anoitecer no leito, como se embriagado, sensação como se a cabeça estivesse flutuando no ar. Mal-humorado e descontente ao anoitecer. Sem vontade de falar ou discutir, ao contrário do habitual; preguiça mental. Desatento ao ler e indisposição para o trabalho.

Cabeça – Vertigem. Cefaléia após o jantar e ao anoitecer, com face vermelha. Sensação na cabeça e no nariz como se iniciando uma gripe. Confusão na cabeça. Calor queimante na cabeça ao anoitecer, com extremidades frias como gelo. Sensação de peso na cabeça. Fisgadas na testa. Dor no lado E. da testa. Dor acima do olho E., com dores nos olhos. Dor acima dos olhos, < por movimento, < sacudindo a cabeça ou movimentando os olhos, com bocejos e sonolência. Dor acima dos olhos, como se tonto. Pulsação nas têmporas, > saindo ao ar livre, retornando ao entrar em um aposento quente, com dores agudas na região frontal. Enxaqueca em um ponto da região parietal E., impedindo a fala.

Olhos – Queimação nos olhos. Dor opressiva acima do olho E., < por movimento. Sensação de resfriado.

Ouvidos – Dolorimento e sensação de plenitude à D., depois à E., depois eliminação de pus de ambos os ouvidos; ouvido externo inflamado, com dois pontos dolorosos. Queimação no ouvido E., em seguida edema e vermelhidão, depois bolha interna e secreção de pus de ambos os ouvidos; < à E., com queimação e vermelhidão do ouvido externo à E., com sensação, a cada passo, como se algo gotejasse lá dentro, e dolorimento impede deitar-se sobre o lado E.

Face – Edema da bochecha E. e lábio superior, com edema da gengiva sobre os incisivos superiores à E., sem prévia dor de dente; em seguida, um edema duro, avermelhado, na bochecha E., no meio do qual havia um círculo produtivo, de contorno definido, com depressão vermelha-escura, o pus podia ser visto através da pele fina, o dente aparentemente perfeito foi arrancado e pus seroso (de um abcesso) foi eliminado pela abertura; em seguida o edema desapareceu.

Boca – Dor dilacerante nos canais dentários, < pelo calor da cama. Língua com cobertura branca, pela manhã, com paladar amargo, nauseante. Língua coberta com muco branco. Salivação. Tendência a ficar com a boca seca após o jantar, não podia programar-se mentalmente para beber água ou vinho, como era seu hábito. Paladar amargo. Paladar nauseante pela manhã, ao acordar.

Garganta – Escarra muito muco.

Apetite – Apetite aumentado. Apetite muito aumentado, fora do usual, sem aumento da sede. Perda de apetite. Ausência de sede ao comer, com aversão a vinho. Aversão a cigarro, ao anoitecer. Aumento da sede.

Estômago – Eructações: violentas, freqüentes, ruidosas, com gosto como após comer gordura. Plenitude e distensão do estômago, impedindo-o de comer, embora tenha bom apetite, > com eructações. Soluços mais acentuados após comer. Náuseas às 6 h da manhã e após o jantar: vômitos, acorda subitamente, vomitou o alimento ingerido quatro horas antes, em seguida dormiu sem incômodo posterior. Queimação no estômago. Dor na região do epigástrio, com distensão abdominal.

Abdome – Distensão, tensão, sensação de plenitude e peso no abdome, com desejo freqüente de evacuar, > com eructações e eliminação de flatos. Distensão: após comer; após almoçar, com emissão de flatos; com súbito desejo de evacuar; tão intensa que ele tem que afrouxar suas roupas, com pressão no estômago, apesar de ter bom apetite ele come muito pouco; endurecimento timpânico do abdome. Ruídos com cólica abdominal, com dor em pressão na região epigástrica. Eliminação de flatos, esp. estando deitado. Dor no abdome > com eructações. Dores erráticas. Dor repuxando e pressionando, < por movimento, > com aparecimento da menstruação (com 15 dias de antecedência), que dura oito dias (ao contrário dos três dias usuais), menstruação copiosa de sangue enegrecido, freqüentemente em grandes coágulos, com exaustão e perda de apetite. Dor tracionando, com pressão na região esplênica. Pontadas sob as costelas inferiores, à E. Pressão na região do baço, com eructações. Dor sob as falsas costelas à E., < respirando profundamente, rindo ou agachando-se. Dor no lado E. ao caminhar rapidamente. Dor sobre o lado E. com cólicas intestinais inconstantes. Dor acima do umbigo. Dor no hipogástrio, com náuseas. Pontadas no hipogástrio ao mover ou agachar-se. Dor cortante na região do hipogástrio D.

Evacuação e Ânus – Fezes: líquidas, duas vezes ao dia, precedidas ou acompanhadas por dor no abdome; finas; amolecidas, grandes e, no final, quase finas. Fezes duras, difíceis, escassas. Demora a evacuar. Constipação. Intestino preso pela manhã, normal à tarde. Fezes volumosas, em seguida dor em queimação e pressão no ânus. Evacuações escassas e freqüentes; difíceis; ausentes. Prurido no ânus ao anoitecer, no leito, com pontadas, levando-o a caminhar de um lado para outro.

Órgãos Urinários – Desejo freqüente de urinar, com perda do tônus esfincteriano. Desejo constante de urinar e gotejamento involuntário. Desejo constante de urinar, dia e noite, grande quantidade de urina. Obrigado a urinar à noite. Obrigado a urinar freqüentemente, e muito de cada vez. Urina volumosa, mas não há sede. Urina escassa e clara. Urina vermelha-escura.

Órgãos Sexuais Masculinos – Ereções freqüentes, dia e noite. Queimação no pênis após relação sexual com a esposa, com escoriação na junção do prepúcio com o pênis; depois, uma supuração em faixa, de forma incompleta, circular, entre a glande e o prepúcio; em seguida a ulceração aumentou, com margens duras, base lardácea (com aspecto de gordura), sangrando à menor pressão, freqüentemente formava uma pequena crosta exsudando pus por baixo, que com freqüência drenava e levava a uma úlcera supurante; mais tarde uma crosta sadia se formou no meio e depois saiu, ficando a pele sadia; assim, em vez de uma estreita e longa, ficaram duas pequenas úlceras redondas, que sararam sem deixar cicatriz.

Órgãos Sexuais Femininos – Menstruação muito adiantada e muito profusa, eliminação de grande quantidade de coágulos pretos, precedidos por dores opressivas, repuxando no abdome, < pelo movimento e acompanhada por exaustão geral e perda de apetite.

Órgãos Respiratórios – Afonia ou rouquidão acentuada.

Tórax – Prurido no esterno. Pontadas nos pulmões, sem relação com movimento ou respiração. Sensação de opressão.

Pulso – Pulso rápido e cheio.

Região Dorsal – Pontadas na região sacral. Pontadas violentas na região lombar, causando-lhe tremores.

Membros – Dor repuxando, como por deslocamento, na primeira falange e na articulação do polegar E., < pelo movimento; estando no leito, a mesma dor no hálux D. Pontadas e prurido nos dedos da mão e perna, à D. Sensação de paralisia e repuxão nas pernas e joelhos, com fraqueza, os joelhos cedem ao caminhar, sensação semelhante na mão D.

Membros Superiores – Prurido cutâneo na axila D., com formação de eczema; após algum tempo, à E. Arrancos nos antebraços e mãos, como choques elétricos, acordam-no assim que ele adormece. Sensação de fraqueza na mão D. Dor intermitente no indicador D.

Membros Inferiores – Dor nos quadris ou joelhos, impedindo andar. Pontadas no côndilo interno do joelho e sensação de incapacidade ao caminhar. Dor reumática no joelho, impedindo andar. Dor no dorso do pé D. ao caminhar, com sensação de incapacidade. Foi curada, durante a experimentação, uma erupção pruriginosa queimante nas extremidades inferiores que ocorria no inverno, o prurido começava assim que o experimentador se despia.

Generalidades – Músculos relaxados. Exaustão e indisposição para o trabalho habitual. Sensação de embriaguez, como se voasse.

Pele – Erupção atrás dos ouvidos, em crianças. Erupção pruriginosa sobre todo o corpo. Pústulas na face; pústulas vermelhas na face, pescoço, ombros e costas, algumas contendo material espesso; pústulas na nuca, com secreção úmida ao coçar (como acne). Prurido: aqui e ali; no esterno; nas mãos; na mão D.; no dorso da mão D., depois nos pés, testa, couro cabeludo e abdome; nos dedos da mão D., à tarde; nas pernas, nos braços e abdome, à noite, com agitação e dificuldade de dormir; aqui e ali, levando a sono inquieto, com sonhos e ereções; na superfície flexora do antebraço D., próximo ao cotovelo, com queimação e pontos vermelhos, no meio do qual havia uma bolha; a vermelhidão desapareceu mas a bolha estava dolorosa e houve formação de pus. Grandes furúnculos sangüíneos, dolorosos, no ombro e na região do fígado. Inchaços ganglionares (inchaços escrofulosos). Pústulas como no eczema, com pele rachada, vermelha, com prurido ardente e secretando um fluido esverdeado que endurecia a roupa. Úlceras sifilíticas, escrofulosas, mercuriais e herpes. Prurido na axila D., com queimação, pele inflamada e rachada, em seguida vermelha e escamosa, tornando-se úmida; na margem do eczema, vesículas ardentes; o eczema < após suar muito; o suor, misturado à secreção das erupções, endurece as roupas e as tinge de amarelo-esverdeado, a dor algumas vezes é tão grande que o movimento livre dos braços se torna impossível. Havia sempre novas vesículas e extensa área de vermelhidão; após aumento da queimação e prurido, o mesmo ocorreu na axila E., depois um furúnculo no ombro, no processo coracóide, e ainda um furúnculo doloroso sobre o bíceps, com enduração e vermelhidão circunscrita, secreção de material sanguinolento; depois, dois pontos vermelhos pruriginosos no cotovelo D., sobre o qual se formou uma pústula amarelada, um furúnculo, com enduração e dor entre a nona e a décima costelas, com secreção espessa, sanguinolenta, levando a enduração; neste momento, um ponto vermelho, próximo ao local do segundo furúnculo, tornou-se como um gânglio endurecido, primeiramente sobre o dorso do pé E., depois sobre a vermelhidão à D., com prurido e formação de vesículas, formando uma crosta dura, tornando o local elevado e doloroso; as crostas foram apertadas pelas botas e esfregadas até se soltarem, ficando em carne viva; quando cicatrizou, o local ficou vermelho-azulado e inchado.

Sono – Espreguiçando-se e bocejando à tarde. Sonolência. Dificuldade para dormir após o jantar, embora inclinado a fazer isto mais cedo que o habitual. Sono inquieto, com sonhos assustadores. Sonhos inquietos.

Febre – Pulso cheio e freqüente, ao anoitecer. Membros frios após 21 h, com calor na cabeça. Curtos ataques alternando frio e calor, durante o dia. Alternando frio e calor sobre todo o corpo, com sensação de peso na cabeça que se acentua após comer, chegando a doer; > após 15 h. Calor sobre todo o corpo ao anoitecer. Ataques freqüentes e súbitos de ondas de calor.

Ondas de calor, com confusão na cabeça. Queimação e calor na face, com extremidades frias, ao anoitecer. Calor na cabeça ao anoitecer. Mãos quentes até às 21 h, com pulso rápido, depois sudorese generalizada. O suor tinge as roupas de amarelo-esverdeado e as endurece.